A coletânea A Geografia no alvorecer da República: contribuições à história da ciência geográfica no Brasil, organizada pelos pesquisadores André Nunes de Sousa e Caroline Bulhões Nunes Vaz, é resultante de pesquisas e encontros acadêmicos promovidos, inicialmente, pelo projeto “História da Geografia na Bahia: do Período Regencial à República”, desenvolvido no âmbito do Departamento de Geografia do Instituto Federal da Bahia (IFBA). O projeto, voltado a uma investigação científica acerca do desenvolvimento da Geografia na Bahia, entre 1837 e 2017, vem se esforçando em estabelecer pontes com pesquisadores que se dedicam aos estudos sobre a formação da ciência geográfica no Brasil, a fim de contribuir para um melhor entendimento sobre a história e a epistemologia da Geografia no país, com atenção às suas particularidades regionais, temporais e institucionais. O projeto vem ensejando a formação e a consolidação de parcerias com pesquisadores de instituições de outras partes do Brasil, a exemplo de Rio de Janeiro e São Paulo, e do exterior, particularmente nas relações que vem estabelecendo com pesquisadores do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT) da Universidade de Lisboa. A criação no Brasil dos primeiros cursos universitários de Geografia na década de 1930, seguida de outras instituições/organizações como o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), a Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), o Conselho Nacional de Geografia (CNG) e, mais tarde, os programas de pós-graduação em Geografia, puseram a ciência geográfica no Brasil em outro patamar de profissionalização, especialização e intercâmbio com a ciência produzida internacionalmente. Todavia, em um país que demorou a instituir a universidade, uma história da ciência e das produções acadêmicas não deve prescindir de estudos sobre as contribuições dos trabalhos realizados nas sociedades científicas e na educação escolar anteriores à universidade. A obra traz ao público leituras sobre autores e obras clássicas não trabalhados (ou pouco trabalhados) pela historiografia oficial da Geografia no Brasil, mas que se revelam como importante documentação que deve participar de uma revisão da história da disciplina no país.

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